Os cuidados necessários no primeiro trimestre de gravidez
Coluna: Mais Saúde
Muitas mulheres nem desconfiam ainda da gravidez e uma verdadeira revolução já está se armando dentro delas. A produção de alguns hormônios cai, outros, específicos da gestação, passam a ser fabricados, a placenta começa a se formar e, rapidamente, o bebê desenvolve os principais órgãos. Até o final dos três primeiros meses, ele já vai estar até fazendo biquinho e mexendo pés e mãos. Tudo acontece num piscar de olhos!
É preciso estar atenta, pois essa também é a fase mais crítica para abortos e malformações decorrentes de doenças e deficiências nutricionais maternas. Então, não descuide: se você está tentando engravidar ou desconfia que o sonhado filhote já pode estar a caminho, confira os exames que deve fazer, entre numa dieta adequada e adote hábitos mais saudáveis. Afinal, esta é a hora de garantir um final feliz para sua gravidez.
Onde mora o perigo
Em uma situação ideal, os cuidados deveriam começar antes mesmo da decisão de engravidar, a fase pré-concepcional, o obstetra pode analisar os antecedentes obstétricos e genéticos do casal, levantando casos de abortos recorrentes e de problemas de fundo genético, como a síndrome de Down. O que posso dizer pra vocês mulheres é que a suplementação com ácido fólico é outro cuidado que, quanto antes for iniciado, melhor. A carência desse nutriente está diretamente relacionada à maior incidência de problemas neurológicos graves, como a ocorrência de DFTNs (defeitos no fechamento do tubo neural do bebê), que pode resultar em anencefalia.
Também é hora de imunizar a mãe contra doenças que possam comprometer a formação do feto, como a rubéola e a hepatite B. É o momento ainda de as hipertensas equilibrarem a pressão arterial, de as diabéticas controlarem o nível glicêmico e de as mulheres com tendência a engordar ou que começam a gestação mais pesadas iniciarem uma dieta para manter o peso em limites aceitáveis sem comprometer o desenvolvimento do bebê.
Muitas vezes, porém, a gravidez acontece sem planejamento. E aí, o jeito é dar a partida no pré-natal assim que o resultado positivo se confirme. É melhor não perder tempo, já que o primeiro trimestre é a base do bom desenvolvimento fetal. Nesse momento, muitos problemas que resultariam em abortos e malformações podem ser corrigidos.
Afastando o risco de abortos
É preciso lembrar que o embrião possui metade da carga genética do pai e que essa bagagem é "estranha" ao organismo materno. Em circunstâncias normais, o bebê dribla o sistema imunológico da mãe e consegue chegar ao útero, dando início ao seu desenvolvimento e à formação da placenta, que vai nutri-lo e protegê-lo até o final da gestação. Há casos, porém, em que esse "script" fica incompleto. Um dos riscos é de que o sistema imunológico da mãe rejeite o embrião por considerá-lo um corpo estranho, provocando um aborto precoce.
Quem já teve abortos espontâneos antes deve ficar esperta: Alguns problemas exigem medicação especial logo após a concepção, outros podem ser revertidos com o uso de anticoagulantes, corticosteróides ou progesterona, desde que sejam identificados cedo. Não há tempo a perder também quando a causa dos abortos naturais é uma circunstância conhecida como incompetência istmo-cervical. Trata-se de uma dilatação excessiva do colo de útero, a qual pode ser corrigida por meio de uma cirurgia simples, a cerclagem, antes que o bebê comece a ganhar peso novamente, agir logo no início da gravidez aumenta as chances de sucesso.
Grávidas muito especiais
Os primeiros meses de gestação são particularmente críticos também para as mulheres com distúrbios que alterem a circulação ou sejam de fundo auto-imune. Diabéticas, hipertensas, portadoras de problemas de tireóide ou de hipófise exigem cuidados redobrados ao longo de toda a gravidez, mas, no primeiro trimestre, eles são ainda mais indispensáveis. Essas disfunções comprometem a liberação de hormônios essenciais para o bom crescimento das células, prejudicando o desenvolvimento do bebê.
Seja qual for o caso, a medicina fetal hoje possui recursos para identificar e tratar precocemente muitos desses problemas. Dois exames são superimportantes para as mulheres que estejam em um desses grupos de risco ou tenham mais de 35 anos: o ultra-som morfológico e a translucência nucal. O primeiro permite detectar qualquer alteração estrutural do feto, como ausência de órgãos e membros, enquanto a translucência pode identificar com pequena margem de erro problemas genéticos, como a síndrome de Down.
Alterações no tamanho da nuca do bebê e ausência ou diminuição do osso nasal no feto são sinais de alerta importantes. Mas precisam ser identificados na hora certa. Por isso, o primeiro trimestre da gestação é um período precioso para garantir as melhores condições de desenvolvimento para o bebê.
Mudanças de hábito
Se você está grávida ou planeja ter um bebê em breve, é hora de tomar alguns cuidados extras, em prática aquele velho plano de cultivar hábitos mais saudáveis de vida.
1.Suspenda o uso de analgésicos e antitérmicos. Só use remédios recomendados pelo obstetra.
2.Diante do menor atraso menstrual, asmáticas, diabéticas, hipertensas e portadoras de problemas vasculares precisam substituir ou regular as doses dos medicamentos que usam no controle dessas doenças.
3.Cremes dermatológicos que contenham ácido retinóico na fórmula não podem ser empregados, pois causam malformações. Evite também a exposição desnecessária a raio X.
4.Fumantes precisam abandonar o vício ou, pelo menos, reduzir o consumo para até quatro cigarros diários. Bebidas alcoólicas e outras drogas devem ser igualmente descartadas. O alerta vale também para o futuro papai.
5.Elimine ou diminua significativamente o consumo de cafeína, presente no