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“Kit Covid” foi usado pela maioria dos pacientes entubados no Angelina Caron
Via Redação Banda B
A maioria dos pacientes entubados ou no uso de oxigênio na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, conseguiram com médicos a receita para o uso do chamado “kit covid”. Essa informação foi dada pelo presidente da Associação Paranaense de Pneumologia e também intensivista do HAC, Irinei Melek, em entrevista ao Portal de notícias Banda B, durante a última terça-feira (23).
“Um levantamento feito pelos médicos residentes nas UTIs, com pacientes no uso de oxigênio ou ventilação mecânica, aponta que um grande número usou esse kit covid. São dados estatísticos. Tem gente que toma ivermectina a semana toda, que acha que está protegido, se expõe e acaba pegando a doença”, contou o médico, que relembrou que a chance de sobreviver com o kit covid e sem ele é a mesma, mas a diferença é que quem usa o medicamento espalha em redes como se fosse a cura, enquanto se esquece daqueles que morreram mesmo com os remédios, que não podem relatar a experiência.
Tendo isso em vista, a Associação Médica Brasileira, representada por dezenas de classes médicas, precisou fazer um documento pedindo o banimento da indicação desse ‘tratamento precoce’. Não há nenhum estudo sério, publicado em revista e randomizado, que comprove 1% de ajuda do coquetel para a doença viral. Só que no Brasil os médicos, além de cuidarem dos pacientes doentes em uma pandemia descontrolada, têm que combater as fakes news sobre o tema, muitas vezes inflamadas pelo presidente Jair Bolsonaro, defensor dos remédios sem eficácia cientifica.
Ainda segundo o intensivista do Hospital Angelina Caron todos os estudos mostram que esse tratamento precoce não tem nenhuma eficácia. “As sociedades médicas unidas divulgam hoje, neste sentido, um boletim urgente para pedir o o banimento deste tipo de tratamento. A maioria vai ter a covid leve e se recupera, evoluindo bem e espontaneamente, não por medicamentos”, afirmou Melek, que completou. “O que a gente mais queria é que os medicamentos testados tivessem eficácia, mas por enquanto não há nenhum”, destacou.
Há o risco hepático e cardiológico dos medicamentos, já que na covid o corpo está em uma inflamação multissistêmica, o que é diferente de quando você toma a hidroxicloroquina para lúpus e malária, mas o que mais preocupa Melek é a questão da sensação de se ter um tratamento, o que não é verdade. “Há o efeito colateral em coração e fígado, mas o principal problema está nas pessoas se acharem protegidas e não fazerem as medidas preventivas que são necessárias. Essa falsa sensação é preocupante e leva a descuidos”, pontuou.
Por fim, Melek ainda fez um apelo contra a politização do kit covid. “Temos que trabalhar pela ciência, independente de questões políticas. Agora se cita uma cidade paulista, que defende o tratamento precoce e diz não ter casos, mas quando você investiga descobre que na verdade os pacientes procuram o atendimento em um município vizinho, porque lá não se tem o atendimento necessário. São notícias mentirosas assim que precisamos combater”, concluiu.
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